Operações policiais recentes reacenderam o debate sobre estratégias eficazes contra o avanço do crime organizado no Brasil. O jurista Walfrido Warde, especialista no tema, defende a urgência da integração entre as forças de segurança e a criação de uma autoridade nacional antimáfia como pilares fundamentais para enfrentar as organizações criminosas.
Segundo o jurista, a articulação e coordenação unificada das ações de combate evitariam a descoordenação e a politização do processo. Warde, em conjunto com o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, lançou recentemente o livro “Segurança Pública: o Brasil Livre das Máfias”, onde analisam a infiltração do crime organizado mafioso nas estruturas sociais, políticas e econômicas do país.
A obra detalha como facções como o PCC e o Comando Vermelho se inserem em setores como transporte, imobiliário, redes de restaurantes, revenda de carros e combustíveis, além de contratos com a administração pública e investimentos no mercado financeiro, incluindo criptomoedas. Na esfera política, a infiltração se dá através do financiamento de campanhas eleitorais.
Warde destaca que a falta de articulação entre as forças de segurança federal, estaduais e municipais, devido à distribuição de competências constitucionais, compromete as ações de combate. Ele propõe a criação de uma autoridade nacional antimáfia, atuando em conjunto com a Polícia Federal, para definir políticas de combate coordenadas com as polícias estaduais, municipais, civis e militares.
O jurista também enfatiza a necessidade de tipificar o grau de participação e comprometimento dos criminosos dentro das organizações, propondo graus de associação para pessoas físicas e jurídicas, considerando se são condenadas, investigadas, indiciadas ou denunciadas. A partir disso, o Estado poderia criar listas diferenciadas de envolvidos e evitar contratar pessoas ou empresas ligadas ao crime organizado.
Warde sugere a reinstituição do financiamento empresarial de campanhas, com novas regras de rastreabilidade, transparência e governança, como forma de substituir o financiamento realizado pelo crime organizado. Para o jurista, a infiltração do crime organizado aponta para um estágio avançado em direção a um narcoestado, que exige um combate urgente e eficaz.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br