A possível candidatura de Miguel Torres à Câmara Federal em 2026 reacendeu o debate sobre a representatividade sindical no cenário político. Dirigentes defendem maior espaço para candidaturas progressistas e sindicais, buscando romper com a hegemonia da direita nos legislativos.
Antônio Augusto de Queiroz, consultor político e sindical, e diretor licenciado do Diap, oferece uma análise baseada em sua vasta experiência. Para ele, o sucesso de candidatos do campo sindical depende da observação de exemplos bem-sucedidos, como o de Luiz Carlos Motta, deputado que construiu uma base sólida na categoria comerciária e se destacou nas disputas eleitorais.
Queiroz enfatiza a importância de candidatos sindicalistas formarem uma base forte dentro de sua categoria, tornando-se referência e porta-voz das demandas específicas do setor. A prioridade deve ser buscar pautas unificadoras, evitando temas que gerem divisão.
A campanha eleitoral exige atenção redobrada. O consultor sugere que o candidato conte com um assessor dedicado exclusivamente ao discurso e à campanha. Para dirigentes classistas, é fundamental fortalecer os laços com a base e as direções sindicais.
O movimento sindical enfrenta desafios em um ambiente político muitas vezes hostil. A renovação do Congresso é incerta, e o eleitorado pode optar por não reeleger muitos dos atuais parlamentares. No entanto, alguns deputados também votaram a favor de medidas populares, como a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
Queiroz ressalta a importância da nominata e da formação de federações para partidos menores e candidatos com potencial de votação. Candidatos de origem sindical precisam ser claros em relação a temas relacionados ao mundo do trabalho, especialmente a automação e os impactos das novas tecnologias. É fundamental que o candidato conheça o tema e o torne uma de suas bandeiras, apresentando propostas concretas e claras.
A montagem de redes de apoio, com vereadores e lideranças com experiência e iniciativas em prol dos trabalhadores, é essencial. Essas redes devem saber aproveitar os erros da direita, como a controvérsia sobre a isenção de impostos para armas e munições na reforma tributária.
Candidatos focados em suas categorias têm a vantagem de poderem dialogar com um público amplo sem entrar em conflito com candidatos ligados a pautas de costumes. Queiroz recomenda que o candidato sindicalista seja transparente em relação aos interesses que representa, mantendo sempre uma postura crítica e realista.
Com 40 anos de experiência em assessoria parlamentar e no Diap, Queiroz conhece profundamente o ambiente político em Brasília. Ele conclui que, embora o eleitorado possa expressar descontentamento com o Congresso, é preciso avaliar se essa insatisfação resultará em renovação e quem serão os novos representantes eleitos.
Fonte: agenciasindical.com.br