Contrato histórico garante vacina da dengue do Butantan para o Brasil

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Em um marco significativo para a saúde pública brasileira, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, formalizou nesta sexta-feira, em São Paulo, a assinatura do contrato para a aquisição das primeiras remessas da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan. Este acordo, avaliado em aproximadamente R$ 368 milhões, representa um passo decisivo na estratégia nacional de combate à doença, que tem desafiado o sistema de saúde por décadas. A vacina Butantan-DV, recentemente aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), destaca-se como o primeiro imunizante de dose única contra a dengue no cenário global, concebido especificamente para a faixa etária de 12 a 59 anos no Brasil. A expectativa é que as primeiras aplicações ocorram já nas próximas semanas, inaugurando uma nova fase na prevenção.

A Imunização em Foco: Detalhes da Vacina Butantan-DV e o Acordo Milionário

A Inovação Nacional e a Primeira Etapa da Distribuição

A formalização do contrato para a aquisição da Butantan-DV, no valor de R$ 368 milhões, sublinha o compromisso do governo federal com a incorporação de tecnologias nacionais no Sistema Único de Saúde (SUS). A aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), concedida no início do mês, validou a segurança e eficácia deste imunizante, que se sobressai por ser uma vacina de dose única. Diferentemente de outros produtos no mercado, a Butantan-DV foi formulada e testada especificamente para a população brasileira, abrangendo indivíduos entre 12 e 59 anos, um grupo demográfico de alta vulnerabilidade à doença.

Os próximos dias serão cruciais para o início da campanha de vacinação. O Instituto Butantan tem previsão de entregar ao Ministério da Saúde 300 mil doses iniciais. Estas unidades serão estrategicamente direcionadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) para a imunização de voluntários que participaram ativamente dos estudos clínicos da vacina, garantindo um acompanhamento prioritário. Além disso, a vacinação será estendida aos moradores dos municípios de Botucatu, em São Paulo, e Maranguape, no Ceará. Há também a possibilidade de inclusão da cidade de Nova Lima, em Minas Gerais, onde estudos complementares serão conduzidos para avaliar o impacto da vacinação em massa na população. A previsão é que as primeiras aplicações tenham início já entre os dias 17 e 18 de janeiro, marcando o pontapé inicial desta iniciativa.

Estratégias de Monitoramento e Impacto Epidemiológico

A implementação da vacina Butantan-DV não se restringe apenas à imunização, mas também a um robusto plano de monitoramento. Autoridades sanitárias e especialistas apontam que a atingir uma cobertura vacinal entre 40% e 50% da população pode ter uma capacidade significativa de controlar tanto a infecção quanto o cenário epidêmico da dengue. O Ministro Padilha enfatizou a importância de acompanhar de perto os resultados nas cidades piloto.

A vacinação nessas localidades será objeto de um estudo longitudinal, que se estenderá por vários anos. Este acompanhamento contínuo permitirá uma avaliação precisa do impacto da imunização na dinâmica da doença, fornecendo dados valiosos para a formulação de estratégias futuras. A iniciativa piloto visa entender como a vacina pode ser um componente fundamental na aceleração do controle da dengue em todo o território nacional, contribuindo para a redução da incidência de casos e, consequentemente, da pressão sobre o sistema de saúde.

Expansão da Campanha e a Visão de Longo Prazo para o Combate à Dengue

Próximas Entregas e a Abrangência da Vacinação

O plano de entregas da vacina Butantan-DV se estende além das doses iniciais. Até o final de janeiro, o Instituto Butantan se comprometeu a fornecer mais 1 milhão de doses ao Ministério da Saúde. Esta remessa adicional será destinada a um grupo prioritário e essencial para o combate à dengue: os profissionais da Atenção Primária. Isso inclui os trabalhadores que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e aqueles envolvidos em visitas domiciliares, que estão na linha de frente do atendimento e da vigilância epidemiológica, sendo frequentemente expostos ao risco de contaminação.

Conforme a capacidade de produção do Butantan for escalada e novas doses forem disponibilizadas, o Ministério da Saúde planeja expandir gradualmente a vacinação para o público em geral. A estratégia inicial prevê o início da imunização pelos adultos na faixa dos 59 anos, progredindo de forma decrescente para as idades mais jovens, até alcançar os adolescentes a partir dos 15 anos. Essa abordagem visa otimizar a distribuição e o impacto da vacina, começando pelos grupos com maior vulnerabilidade e incidência da doença dentro do público-alvo aprovado.

Complementaridade e Capacidade Produtiva Futura

É importante ressaltar que a vacina Butantan-DV não é o único imunizante disponível na rede pública brasileira para combater a dengue. Atualmente, adolescentes entre 10 e 14 anos já estão sendo vacinados com um imunizante de duas doses, desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda. Desde 2024, quando o Brasil se tornou o primeiro país a integrar esta vacina ao seu programa público de imunização, mais de 7,4 milhões de doses foram administradas. Para 2026, o Ministério da Saúde já assegurou a aquisição de mais 9 milhões de doses do imunizante japonês, demonstrando uma estratégia multifacetada.

No entanto, a vacina do Butantan ainda não poderá ser aplicada em indivíduos com mais de 60 anos. A razão reside na ausência de estudos clínicos conclusivos para esta faixa etária, uma etapa fundamental para garantir a segurança e eficácia do imunizante nesse grupo específico. O Butantan informou que os estudos com o público idoso estão previstos para começar em janeiro, o que abre a possibilidade de uma futura ampliação do público-alvo. O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, enfatizou o trabalho árduo para expandir a capacidade produtiva através de parcerias estratégicas, incluindo uma colaboração com a empresa chinesa WuXi Vaccines, articulada pelo Ministério da Saúde, com a meta de entregar 30 milhões de doses até o segundo semestre de 2026. Essa expansão visa atender a uma parcela significativa da população no enfrentamento da doença.

Segurança, Eficácia e o Desafio Contínuo de Prevenção

A Firmeza dos Dados Científicos e a Confiança Pública

A segurança e a eficácia da vacina Butantan-DV foram pontos de destaque durante a cerimônia de assinatura do contrato. O Ministro da Saúde, que também é infectologista e especialista em vacinação, reiterou a solidez dos dados científicos que sustentam o imunizante, encorajando a população a recebê-lo sem receios. Ele compartilhou sua perspectiva pessoal, afirmando que não aplicaria em sua filha de 10 anos uma vacina da qual não tivesse total certeza quanto à segurança, qualidade e eficácia, destacando que a Butantan-DV preenche esses requisitos após rigorosos processos de avaliação.

Os estudos clínicos demonstraram resultados impressionantes. Mais de 70% das pessoas que receberam a vacina não apresentaram sintomas de dengue, e mais de 90% foram protegidas contra formas graves da doença. Notavelmente, nenhum dos vacinados precisou de hospitalização devido à dengue. A análise técnica da Anvisa corroborou esses dados, atestando uma eficácia global de 74,7% contra a dengue sintomática na população de 12 a 59 anos, o que significa que, em aproximadamente três quartos dos casos, a doença foi prevenida pela vacina. Além disso, a imunização ofereceu uma proteção de 89% contra formas graves da doença e contra a dengue com sinais de alarme, conforme detalhado em publicação na prestigiada revista The Lancet Infectious Diseases.

O Cenário Epidemiológico da Dengue e a Importância da Ação Integrada

O cenário epidemiológico da dengue no Brasil tem sido desafiador. Em 2023, o país registrou 6,5 milhões de casos prováveis da doença, um aumento de quatro vezes em comparação com o ano anterior. Embora 2024 tenha apresentado uma queda, com 1,6 milhão de casos prováveis notificados até meados de novembro, a doença continua a ser uma preocupação séria. Desde o início dos anos 2000, mais de 20 milhões de brasileiros foram afetados, ressaltando a urgência de medidas de controle mais eficazes e abrangentes.

Apesar da introdução de novas vacinas e da aparente redução nos números deste ano, o Ministro Padilha fez um alerta crucial: a imunização é uma ferramenta poderosa, mas não substitui a necessidade contínua de combater os focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. Ele enfatizou que, enquanto se celebra a aquisição dessas novas armas contra a dengue, a população não deve baixar a guarda nas ações cotidianas de eliminação de água parada e outros criadouros. A dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, manifesta-se com sintomas como febre alta, dor retro-orbital, dores musculares e articulares, manchas na pele, coceira e náuseas. A eliminação de recipientes que acumulam água, como pratos de plantas e pneus, continua sendo a principal forma de prevenção, demandando uma colaboração ativa de toda a sociedade para mitigar o risco de novas epidemias.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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