Dólar recua para R$ 5,40 impulsionado por Copom e cenário global

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O mercado financeiro brasileiro registrou um dia de recuperação, impulsionado por fatores internos e externos que aliviaram a pressão sobre a moeda americana. Nesta quinta-feira (11), o dólar comercial fechou em queda significativa, aproximando-se da marca de R$ 5,40. A bolsa de valores, por sua vez, conseguiu manter-se praticamente estável, consolidando-se acima dos 159 mil pontos. Essa dinâmica foi diretamente influenciada pela expectativa e pelo teor da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil, além de movimentos importantes no cenário econômico internacional, que redirecionaram fluxos de capital e alteraram a percepção de risco.

A dinâmica do dólar: recuo e contexto macroeconômico

A moeda estadunidense encerrou o dia com uma desvalorização notável, refletindo uma reversão de expectativas ao longo da sessão. A cotação do dólar comercial, que havia iniciado a quinta-feira em alta, inverteu sua trajetória ainda na parte da manhã, culminando em um fechamento a R$ 5,404, marcando uma queda de R$ 0,064, ou 1,17%. Essa performance representa um alívio para importadores e para o custo de viagens internacionais, embora o mercado permaneça atento à volatilidade.

Queda diária e volatilidade intraday

A mínima do dia para o dólar foi registrada por volta das 16h, quando a moeda chegou a R$ 5,39. Essa flutuação intradiária demonstra a sensibilidade do câmbio a notícias e percepções do mercado, que podem mudar rapidamente em resposta a comunicados oficiais ou a dados econômicos. A forte queda observada pode ser atribuída a uma combinação de fatores, incluindo a valorização de moedas de países emergentes e o otimismo gerado pela política monetária doméstica.

Balanço mensal e acumulado do ano

Apesar do recuo expressivo na quinta-feira, a moeda americana ainda exibe um acúmulo de alta de 1,29% em dezembro. Essa variação mensal reflete a persistente incerteza e a demanda por segurança que caracterizam parte do final do ano. Contudo, em uma perspectiva mais ampla, no acumulado do ano, a divisa registra uma queda de 12,56%, indicando uma tendência de valorização do real em 2024. Esse desempenho anual sugere que, apesar dos picos de volatilidade, a economia brasileira, em um panorama geral, tem apresentado condições que favorecem a desvalorização do dólar em relação ao real.

Bolsa de valores: estabilidade em meio a flutuações

O mercado de ações também experimentou um dia de considerável dinamismo. Após um início de sessão positivo, o índice Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira (B3), flutuou intensamente. Embora tenha atingido uma alta de 0,48% por volta das 13h52, o índice perdeu parte de sua força nas últimas horas de negociação, fechando com uma alta marginal de apenas 0,07%, aos 159.189 pontos.

Desempenho do Ibovespa e setores de destaque

A quase estabilidade do Ibovespa mascarou movimentos setoriais importantes. Enquanto algumas áreas sofreram pressão, as ações de mineradoras desempenharam um papel crucial em evitar uma queda maior do índice. A valorização dessas companhias, frequentemente atrelada ao preço das commodities no mercado internacional e à demanda global, forneceu um suporte essencial para a bolsa, compensando perdas em outros setores. Esse desempenho sublinha a relevância do setor de commodities para o mercado acionário brasileiro.

Fatores determinantes: Copom e cenário internacional

Os movimentos do mercado financeiro nesta quinta-feira foram um reflexo direto da interação entre decisões de política monetária interna e tendências globais. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil e as ações do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos foram os pivôs desses desdobramentos.

O papel do Copom e a Selic

No Brasil, o “tom duro” do comunicado emitido após a reunião do Copom foi um elemento central. O comitê, ao manter a Taxa Selic em 15% ao ano e não sinalizar claramente o início de um ciclo de cortes de juros para janeiro, gerou um estímulo à entrada de capital estrangeiro. Uma taxa de juros básica elevada torna os investimentos em renda fixa no Brasil mais atrativos para investidores internacionais, que buscam retornos mais altos. Essa demanda por ativos brasileiros, por sua vez, aumenta a procura por reais, contribuindo para a valorização da moeda nacional e, consequentemente, para a queda do dólar.

Juros globais e migração de capital

No cenário internacional, a política monetária do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos também teve um impacto significativo. A decisão do Fed de reduzir os juros básicos em 0,25 ponto percentual, levando-os para um intervalo de 3,5% a 3,75% ao ano, ampliou a diferença entre a Taxa Selic brasileira e as taxas americanas. Essa disparidade de juros – taxas mais altas no Brasil e mais baixas em economias avançadas – é um fator poderoso para incentivar a migração de capitais em busca de maior rentabilidade. Investidores realocam seus recursos de mercados onde os juros são menores para mercados emergentes, como o Brasil, onde os juros são mais convidativos. Esse fluxo de capital estrangeiro para o Brasil aumenta a oferta de dólares no mercado local, reduzindo a pressão sobre a cotação da moeda americana e, indiretamente, beneficiando a bolsa de valores.

Perspectivas para o mercado financeiro

O mercado financeiro brasileiro continua a ser um ecossistema complexo, moldado por uma interação contínua de forças domésticas e internacionais. A recente queda do dólar e a estabilidade da bolsa de valores refletem um momento de ajuste e reavaliação por parte dos investidores. A expectativa em torno das próximas decisões do Copom será crucial, com o mercado monitorando de perto qualquer sinalização sobre o futuro da Taxa Selic.

As políticas monetárias das grandes economias globais, especialmente dos Estados Unidos, também seguirão sendo um termômetro para o fluxo de capitais. Mudanças na postura do Federal Reserve podem alterar drasticamente a atratividade comparativa dos investimentos no Brasil. Além disso, o desempenho das commodities no mercado internacional, que impacta diretamente setores como o de mineração, continuará a ser um pilar de suporte ou de pressão para o Ibovespa. A volatilidade permanece uma constante, e a capacidade de adaptação dos investidores aos cenários em constante mudança será fundamental para navegar pelos desafios e oportunidades que se apresentarão.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. O que é o Copom e como ele influencia o dólar?
O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Banco Central do Brasil responsável por definir a Taxa Selic, a taxa básica de juros da economia. Quando o Copom mantém a Selic alta, os investimentos em renda fixa no Brasil se tornam mais atrativos para investidores estrangeiros, que precisam converter seus dólares para reais para investir. Isso aumenta a demanda por reais e a oferta de dólares, levando à queda da cotação do dólar.

2. Como a diferença de juros entre Brasil e EUA afeta o mercado?
A diferença entre a Taxa Selic no Brasil e os juros básicos nos Estados Unidos (definidos pelo Federal Reserve) é um fator crucial. Se os juros no Brasil são significativamente mais altos que nos EUA, isso cria um “carry trade”, onde investidores pegam dinheiro emprestado onde os juros são baixos (EUA) para investir onde são altos (Brasil), buscando lucro. Esse movimento atrai dólares para o Brasil, valorizando o real e desvalorizando o dólar.

3. Por que as ações de mineradoras podem sustentar a bolsa?
As ações de mineradoras são frequentemente consideradas um porto seguro em momentos de incerteza ou quando há expectativa de alta nos preços das commodities metálicas no mercado global. A demanda por minerais, como o minério de ferro, é impulsionada pelo crescimento econômico mundial. Se os preços das commodities sobem, as receitas das mineradoras tendem a aumentar, tornando suas ações mais valorizadas e ajudando a sustentar o índice da bolsa, mesmo que outros setores estejam em baixa.

Fique por dentro das últimas análises de mercado e tendências econômicas para tomar decisões financeiras mais informadas.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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